16 julho, 2013

de que serve a escrita, se ninguém a lê?

Que som tem uma árvore a tombar numa floresta se ninguém está lá para ouvir?  Que sabor têm as palavras quando ninguém as lê? De que serve deixar textos, frases soltas num papel de guardanapo - porque a imaginação não esperou por ninguém, e obrigou a medidas desesperadas - se ninguém pega neles e afaga-os, com carinho, com jeitinho, e diz o quão gosta deles? Não precisam de ser obras de arte, mas textos são como filhos, não do corpo, mas da alma, e eu amo todos os meus filhos como se fosse único, especial, gema preciosa de um colar reles de pérolas de plástico. Escrevo porque amo, amo porque escrevo, e a dor de escrever é a dor mais deliciosa que já conheci na vida, faz-me querer mais. Doí-me ver os meus filho escondidos em gavetas, mas por vezes tenho medo de expô-los, de deixá-los no meio do palco e, assim, sentir-me completamente nua, alma exposta. Mas seria preferível escondê-los e esconder-me e manter esta dor no peito, a dor de uma árvore que não tem quem a oiça quando tomba?

4 comentários:

  1. Por vezes é preciso resguardar os nossos "filhos" até ao dia em que eles estejam prontos para verem o mundo. Quando chegar esse dia não precisas mais ter medo, eles serão aceites de uma forma acolhedora pelos vários braços, olhos, ouvidos, mentes, corpos. Serão uma parte fundamental do mundo :) E aí todos irão ouvir os mais pequenos sons provocados pela Natureza.

    ResponderEliminar
  2. Desde que sigo o teu blog tenho lido tudo o que tens publicado. Continua a escrever, eu continuo a ler. Quanto ao que fica nas tuas gavetas... não sei.

    ResponderEliminar
  3. O que são as palavras se elas não significam o que queremos dizer?
    Gostei muito.

    ResponderEliminar