11 outubro, 2013

Há noites que ninguém dorme.


No escuro tudo soa a imaginação, apercebi-me eu quando os dias deslizavam pela noite dentro e tudo se transformava. Os pensamentos transformavam-se em imagens e as imagens baloiçavam suavemente à minha frente. A noite é hora de introspecções e de auto-descobertas, de choros que o dia não pode ver e de medos que acariciam a pele. Ponho a pele a secar no estendal e deixo os órgãos respirarem, e deixo-me ficar estendida na cama e deixo de ser eu, que a pele está estendida e o corpo exposto, a alma meia adormecida e a mente em galope pelas ruínas do meu ser. Ninguém me visita porque não apago a luz, espreito pelo canto do olho e não vejo ninguém, corto o silêncio com um suspiro mas também não peço a ninguém para vir. A noite é torturante. A noite sussurra-me segredos ao ouvido, reaviva-me memórias e fecha as suas palmas frias em torno do meu peito. Sinto-me inútil, quando a noite me abraça. Sinto-me um farrapo, como se a pele de manhã não me fosse voltar a servir, porque o corpo expandiu-se, cheio de medos e tristezas. E a noite mata-me por dentro, quando quer. Mas não consigo deixar de gotar dela, do mansinho com que me faz querer acordar de manhã a pensar que é outro dia. Mas é tudo igual. A noite apenas me faz lembrar de quem eu sou.

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