28 julho, 2013

adormecer não me fará viver um dia

Desenterrei a cabeça dos cobertores, e o tempo parecia estagnado. Pelo menos assim me cheirava, porque os olhos continuavam cerrados pelo sono e pela luz forte que entrava pelas persianas abertas. Cheirava a estagnado, portanto, um cheiro metálico que me arranhava a garganta. Ou talvez fosse um produto da minha mete estagnada num lodaçal de pensamentos obscuros. Lodaçal de pensamentos. Adoro esta imagem metafórica. Faz-me sentir que a minha cabeça se afunda suavemente num espesso rio de lama negra, como se de areias movediças se tratasse. Mesmo assim, já consegui retirar a cabeça da carapaça de cobertores em que me enterrei e refugiei, por isso, acredito que já seja algo. A luz forte do sol engana-me, está frio lá fora e por vezes chove, como se com o meu estado algo depressivo tivesse trazido um tempo menos agradável - se for isso, peço desculpas. Mas porque iria o tempo reger-se por mim, e não por alguém algo mais alegre, que traga o sol encerrado no peito? Quanto a isso, acho que não tenho resposta. Consigo pelo menos arranjar força mental para atirar as cobertas para o lado e acordar de vez. É só preciso um milésimo de segundo de uma incrível força mental, como aquela que precisamos para levantarmo-nos da cama num dia de Inverno. Aqui vai.

6 comentários:

  1. Fico feliz; é um momento feliz para mim quando as tuas forças se manifestam. Do fundo do coração: VIVA, Sofia!
    Quanto à tua alma, que dizes pedir-te mais liberdade, liberdade que tu não lhe dás: concretamente, o que é que a alma pede? ela quer ser livre de fazer o quê?

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  2. pareces estar lentamente a recuperar :) arranca esses lençóis todos!

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  3. E que medos são esses? De que é que tens medo?

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  4. Muita força. aos bocados vais ficar melhor! :)

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  5. Eu também não sei. Penso que na natureza não há liberdade (li algo assim em The Human Condition, de Hannah Arendt, quando ela trata de Marx), quando estás a lutar pela vida não há liberdade. Mas há momentos, há clareiras no meio do bosque, clareiras onde depões todas as armas, e aí és livre; mas alguém tem que estar contigo nessa clareira, tem que haver pelo menos um outro, ou não terás a certeza de se és ou não és aquela que te parece. Não sei, estou a vaguear. (:

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  6. pois não, não vai ser ao afastares-te que te vais conseguir "reerguer" . precisas do apoio de quem gosta de ti.

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